DEPOIMENTOS
“Um pai que sempre amou fotografia reconhece em sua filha Clarice, 10 anos, o despertar do interesse por essa arte. Também observa e estimula quando Clarice pinta o sete e o oito. Infinitas manifestações de uma criança livre. Abraão, o pai, ao brincar de existir com Clarice e Heitor, 5 anos, reúne pintura e fotografia no ateliê do encontro alquímico.
O resultado, as fotografias de rostos pintados por Clarice com cores fortes, impactam. Impossível ficar indiferente. Mexem e remexem com nosso mundo interior.
O que vejo, quando reconheço um pedacinho de meu próprio mistério sendo projetado nas fotos/pinturas de Clarice? A criança divina? Heróis? Deuses? Seres da escuridão? O que projeto? A vida? A morte?
O que vemos revela, para cada um de nós, um fragmento de nosso inconsciente comum, o inconsciente coletivo. Esta é uma denominação postulada por Carl G. Jung, psiquiatra suíço e fundador da Psicologia Analítica. Para Jung, além do inconsciente pessoal, que contém todas as memórias pessoais, temos um inconsciente coletivo, que engloba os saberes e fazeres da espécie humana, desde os tempos mais primitivos.
Jung denominou de arquétipos os conteúdos do inconsciente coletivo. Esses arquétipos, independentemente de onde nascemos e de nossa forma de ver o mundo, são semelhantes para todos nós. Por exemplo, a imagem que temos do herói.
Nos Mistérios de Clarice há uma riqueza que desencadeia todo o processo de criação - o amor de um pai por seus filhos e vice-versa. Esse amor se manifesta concretamente através da arte e nos remete a outra riqueza - a possibilidade de projetarmos a misteriosa vida de nossa Alma nas fotos/ símbolos, formas visíveis do invisível arquétipo.
O mistério de Clarice traz Imagens é-ternas. Imagens que nos convidam, num exercício empático, a estabelecermos pontes entre nosso inconsciente pessoal e coletivo.
Bom mergulho em seu próprio mistério!”
*Lydia Rebouças é Psicóloga, Educadora, Vice-reitora da Unipaz,
autora dA Inventadeira